Sob olhar distraído, o novo Audi A3 pode passar batido. À primeira vista, ele lembra seu antecessor, apresentado em 1996. Mas basta olhar para sua agressiva frente para perceber que se trata de um carro completamente diferente. Sua carroceria ficou maior, ganhou novas frente e traseira e superfícies laterais mais planas -- cortadas por um friso que percorre toda a sua extensão. Internamente, o painel também foi redesenhado. Ficou mais parecido com o do novo A4 Cabriolet. O maior número de novidades, no entanto, está encoberto pela carroceria. O A3 chega com sistema de direção inteligente, suspensão traseira multilink e novo motor com injeção direta de combustível, o qual equipava a unidade avaliada por nós.
Antes de falar das inovações técnicas, que são muitas e vale a pena conhecer, é importante dizer que o novo A3 não virá para o Brasil tão cedo. Segundo a Audi, ainda não há definição sobre o futuro do modelo por aqui. O novo A3, lançado este ano em Genebra, é uma versão de três portas -- que vende bem na Europa, mas representa apenas 15% das vendas do modelo no Brasil. O carro de cinco portas, que fica com os outros 85% das unidades entre nós, só será apresentado na Europa em 2005. De acordo com a fábrica, pelo menos até essa data o veículo fabricado no país continua do jeito que está. Ou melhor, não haverá mais versões de três portas, que já deixaram de ser produzidas na fábrica do Paraná. Permanece a atual versão de cinco portas, que, agora, só é feita no Brasil.
O novo A3 poderá ser importado? "Estamos estudando essa possibilidade", diz a porta-voz da Audi, Denise Cecatto. Se vier, ele vai custar mais que a versão nacional de cinco portas, porque, além de mais avançada tecnologicamente, vem equipada com impostos alfandegários. E o modelo nacional pode passar por um face-lift para chegar até 2005? "Não existe previsão."
A plataforma cresceu 5,5 centímetros, no comprimento, e 3 centímetros, na largura. Isso se traduz em um carro mais bem assentado e com maior espaço interno. Quem conhece o modelo antigo e entra no novo percebe que a cabine ficou mais ampla. Essa sensação não se deve apenas ao aumento das dimensões do habitáculo, mas também ao crescimento das áreas envidraçadas frontal e traseira. Conforto, sim, mas sem perder a esportiva. A posição de dirigir é instigante. Volante e câmbio estão próximos e a cabine envolve o motorista, graças à linha de cintura da carroceria, que é alta.
A direção agora é elétrica e inteligente. Além de ajustar o peso do volante em função da velocidade, ela trabalha em conjunto com o sistema eletrônico de estabilidade do carro. Por meio das informações que recebe dos sensores do ESP, ela compensa automaticamente o ângulo de inclinação das rodas (câmber), nas curvas e também nos desvios de trajetória que possam ser ocasionados por ventos laterais. Essa correção é muito discreta, mas ajuda a manter o contato dos pneus com a pista. O motorista não percebe o sistema atuando, mas o benefício existe, de acordo com a fábrica. No test drive que fizemos, o A3 se mostrou sob controle nas curvas. Em alguns trechos, nos quais a velocidade parecia acima do limite, conseguíamos cumprir o traçado da pista sem invadir a faixa contrária. A carroceria inclinava pouco e a transferência de peso não perturbava a direção.
O mérito não é só da eletrônica. A suspensão também ajudou. Na dianteira, a estrutura do tipo McPherson foi mantida com nova calibragem. Na traseira, a barra de torção deu lugar a um conjunto multilink, semelhante ao do novo Golf. Mas o A3 nos pareceu alguns graus mais macio e confortável - isso sem ferir a dirigibilidade.
Nosso teste foi feito na Alemanha. Pegamos o carro na cidade de Hamburgo e dirigimos cerca de 100 quilômetros, até chegarmos a uma região com estradas secundárias, de pouco movimento. "Esse local é o preferido pelos jornalistas", afirmou o fotógrafo Christian Bittmann. "Pode ser que chegando lá a gente encontre alguns colegas avaliando outros carros", disse no caminho. O lugar, com muitas árvores e plantações rasteiras, é o mesmo onde são filmados os programas de TV do canal alemão Deutsche Welle, transmitido em redes por assinatura no Brasil. Nesse cenário, pude aumentar a velocidade nas curvas -- feitas repetidas vezes para as fotos que você vê agora -- e constatar que o ESP demora para atuar (o que é bom para quem quer desfrutar de uma direção mais esportiva). À medida que ia me acostumando ao traçado, ganhava mais confiança na direção elétrica e na suspensão. Os freios respondiam de forma rápida e progressiva. Sem sustos.
O mais divertido, porém, foi acelerar o carro. Além de apresentar respostas instantâneas nas convidativas estradas alemãs, o motor 2.0 FSI, de 150 cavalos, produz um som que estimula a esticar as seis marchas do câmbio mecânico da versão avaliada (ainda há a opção do câmbio automático, também com seis marchas). A pedido do fotógrafo, que queria ação nas fotos, fiz o "sacrifício" de usar apenas segunda e terceira marchas, mantendo o giro do motor na faixa entre 3000 e 4000 rpm. É nessa fase que o motor entrega o maior volume de força: 20,4 mkgf.
Segundo a fábrica, a melhor performance do motor é conseguida com combustível de boa qualidade, com baixo índice de enxofre. No Brasil, apenas a Podium, da Petrobras, preencheria esse requisito, já que nossa gasolina comum (assim como aditivadas e premium) tem cerca de oito vezes mais enxofre que o limite de 50 ppm (partes por milhão) especificado para uma gasolina de baixo índice da substância.
Segundo a fábrica, a melhor performance do motor é conseguida com combustível de boa qualidade, com baixo índice de enxofre. No Brasil, apenas a Podium, da Petrobras, preencheria esse requisito, já que nossa gasolina comum (assim como aditivadas e premium) tem cerca de oito vezes mais enxofre que o limite de 50 ppm (partes por milhão) especificado para uma gasolina de baixo índice da substância.
Ficha técnica
MotorDianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16 válvulas
Cilindrada: 1984 cm3
Potência: 150 cv a 6000 rpm
Torque: 20,4 mkgf a 3500 rpm
Diâmetro x curso: 82,5 x 92,8 mm
Câmbio
Manual de 6 marchas, tração dianteira
Carroceria
Dimensões:
Comprimento, 420 cm;
largura, 176 cm;
altura, 142 cm;
entre-eixos, 258 cm
Peso: 1275 kg
Volumes
Porta-malas, 350 l;
tanque de combustível, 55 l
Suspensão
Independente, McPherson na dianteira e four-link na traseira
Freios
Disco ventilado na diant. e rígido na tras., com ABS
Direção
Eletromecânica
Rodas e pneus
Liga leve, aro 16, 205/55 R16
Principais equipamentos de série
Ar-condicionado automático, ABS, ESP, CD player, duplo airbag, vidros, espelhos e travas elétricos
Preço
25600 euros (Europa)
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