quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Hyunday Veloster


Segurança, conforto, economia, emissão de poluentes. Nenhum desses fatores tem tanto peso na decisão de compra de um automóvel quanto o design. A Hyundai e seu designer, Peter Shreyer, sabem bem disso. O catálogo da fábrica exibe automóveis de linhas marcantes o suficiente para proporcionar longas filas de espera a cada lançamento, como ix35, Sonata e Elantra (veja teste na pág. 84). Mas, nessa história de usar as formas para seduzir, o Veloster é insuperável. Nem a carroceria com duas portas à direita e uma à esquerda é páreo para a profusão de vincos, volumes e depressões. À venda desde setembro, as primeiras unidades foram entregues a seus donos em outubro. Foi com uma delas, do veterinário Luis Resende Junior, que rumamos para nossa pista de testes, em Limeira, uma vez que a Caoa, importadora oficial da marca, afirmou não ter nenhuma unidade do Veloster disponível para ser avaliada em pista.

Não estranhe a boca negra na dianteira: "Na verdade,essa parte central do para-choque é da cor da carroceria. Coloquei o adesivo preto para acentuar a cara de mau", diz Resende. O Veloster do nosso leitor é a versão topo de linha, de 82900 reais, com rodas aro 18 e teto solar. Há outras duas, mais simples, ambas com rodas aro 17, sem e com teto solar, e que custam, respectivamente, 75700 e 80900 reais.

Exagerado para uns e ousado para outros, o fato é que ninguém consegue ficar indiferente ao Veloster. "Todo mundo olha. Na estrada, vi outros motoristas acelerando para emparelhar e fazer fotos com o celular", diz Resende. Mas os números de pista mostram que os espectadores nem precisaram acelerar muito para alcançar o novo Hyundai.

Refém da expectativa criada pelo estilo, o Veloster decepciona quem espera desempenho compatível com a agressividade do visual. Tomando por base os 140 cv de potência divulgados pela Caoa, foi frustrante ver o hatch-cupê registrando números na pista piores que os do antigo Kia Cerato a gasolina, testado em outubro de 2009. Mais leve (1 170 contra 1 248 kg), mais potente (divulgados 140 contra 126 cv) e com câmbio automático mais moderno (seis contra quarto marchas), o Veloster contrariou as expectativas e foi pior que o sedã na aceleração de 0 a 100 km/h (12,8 e 12,4 s), retomadas 40-80, 60-100 e 80-120 km/h (5,8/7,2/10,2 ante 5,6/7/9,5 segundos) e frenagens de 120/80/60 km/h a 0 (64,9/29,7/17,6 contra 57,1/ 25,5/14,8 metros). Apesar de os números de desempenho contrariarem as expectativas, não houve compensação no consumo de combustível: os testes de Veloster e Cerato a gasolina indicaram exatamente os mesmos 10,5 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada.

Carro para quatro

Mais para desfilar que para atender quem busca um modelo de comportamento esportivo, o Veloster recebe seus convidados com bom nível de acabamento. Atrás, há espaço para apenas duas pessoas, mas elas precisarão andar com as costas eretas para não esbarrar a testa na moldura transversal do teto solar panorâmico. Identidade da marca, o painel traz no centro difusores de ar verticais, mas felizmente a marca providenciou um sistema de áudio cujo display é multifuncional (reúne as informações de rádio e ar-condicionado) e colorido, bem diferente da ultrailuminada (e cansativa) tela azul adotada em quase todos os Hyundai, inclusive no recém-lançado Elantra.

Os pneus de perfil baixo (215/40 R18) da versão topo de linha comprometem o conforto: mesmo discretas emendas de asfalto chegam à cabine. A direção elétrica é eficiente: rápida, combina leveza extrema nas manobras e aumento progressivo de peso indexado à velocidade, para melhorar a dirigibilidade e, por consequência, a segurança. Somam-se ao volante leve sensores de estacionamento e câmera de ré - embutida na maçaneta da tampa, abaixo do H da Hyundai. Esse trio busca facilitar a tarefa de manobrar o Veloster, uma vez que o desenho da traseira prejudica muito a visibilidade.

"Duvido que esse 1.6 tenha 140 cv, como consta no documento", diz Resende. A desconfiança, compartilhada com outros proprietários (veja Autodefesa, na pág. 154), pode colocar o Veloster numa estrada tão sinuosa quanto suas próprias curvas. Procurada, a Caoa disse que iria analisar o questionamento sobre a potência do motor, mas a resposta não foi dada até o fechamento desta edição.


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